Prezados 300 leitores, voltamos com um subsídio para ajudar aos nobres professores e alunos que queiram aprofundar seus conhecimentos. Esperamos estar ajudando os leitores a desenvolver suas atividades diante das classes de EBD no próximo domingo. O tema da lição é: Cristo é Superior a Arão e à Ordem Levítica. Vamos lá!?
Antes de prosseguir a análise da lição é preciso dar uma boa olhada nesta construção (Clique na imagem para ampliá-la, dê uma olhada em seus detalhes e depois seguimos). Era uma tenda móvel com três compartimentos bem definidos: o Átrio, o Lugar Santo e o Santíssimo. No átrio eram realizados sacrifícios diários, além daqueles realizados pelo pecado do povo e em ocasiões solenes. Haviam sorteios de sacerdotes e levitas para tal ofício (Lucas 1:9) e, dada a quantidade de filhos de Levi ao longo do tempo, Barclay[1] observa que haviam muitos deles que entravam apenas uma vez na vida no Lugar Santo. Também haviam sorteios para aquele que seria o Sumo Sacerdote a cada ano.
Cada parte tinha objetos específicos. No Átrio ficavam: 1) A pia de bronze e 2) O altar dos holocaustos. No Lugar Santo: 1) O candelabro, 2) A mesa dos pães da proposição e 3) O altar do incenso. No Santíssimo a Arca da Aliança, contendo: 1) Uma porção do maná; 2) A vara de Arão que floresceu e 3) As tábuas da Lei. Anote que o tabernáculo era construído de dentro para fora, primeiro o Santíssimo, depois o Átrio. E aqui já vai sua primeira grande lição.
Praticamente todos os objetos e seus rituais tinham um simbolismo especial. Nada fora feito sem propósito. Todo o projeto e execução ficou a cargo de Bezaleel e Aoliabe (Êxodo 31) entre outros. E ao contrário dos levitas de hoje em dia, os daquele tempo se encarregavam do trabalho duro de montar, desmontar, rachar lenha e jamais deixar faltá-la, prover animais, lidar com seu sangue, seus restos, etc, ao longo de 40 anos de caminhada e durante o tempo em que esteve em vigência o tabernáculo e o templo.
O tabernáculo ficava no centro do arraial dos israelitas, montado sempre voltado para o leste. Cerca de três tribos em cada um dos pontos cardeais margeavam-no. Nos dois lados mais próximos os coatitas e meraritas. As sete festas ordenadas por Deus, antes que Israel viesse a existir como nação longe do jugo egípcio, ocorriam em torno desse monumento. Numa delas, o Yom Kippur, ou Dia da Expiação, o sumo sacerdote escolhido para aquele ano entrava no Santo dos Santos, era o único dia do ano em que ele adentrava este lugar.
Informes dão conta que ele entrava amarrado pela cintura com uma corda, para a eventualidade de morrer em pecado perante o Senhor. Se suas campainhas (Êxodo 28:33) não se fizessem ouvir ninguém poderia entrar para ajudá-lo, só restava puxá-lo. Infelizmente, não tive como confirmar estas informações (a respeito da corda) com as fontes rabínicas que disponho.
Ele levava um punhado de sangue que aspergia entre os querubins. Se esta oferta fosse aceita a shekinah (a glória) de Deus se manifestava e havia júbilo em Israel.
A figura de destaque, portanto, da lição deste domingo é o sacerdote e o sumo sacerdote. Note que o povo era santo = separado (Levítico 20:26), a tribo e Levi era a escolhida entre os santos. E entre eles ainda havia o Sumo Sacerdote. Um homem de elevada posição e responsabilidade, cuja tarefa principal era mediar o pecado do povo. Porém, como já falamos, a santidade não era mera retórica, ele podia ser consumido na presença do Senhor se estivesse em pecado. Apesar de portar uma lâmina de ouro em sua testa na qual estava escrito: Santidade ao Senhor (Êxodo 28:36), se a santidade não estivesse em seu coração estaria perdido.
Dê uma boa olhada nos itens que compunham as vestimentas sacerdotais e aproveite para que seus alunos os memorizem. Se dispuser de um datashow, faça o download de uma figura como esta acima, retire todas as descrições e vá colocando à medida que pergunta aos seus alunos. Mas a ausência de um datashow não é problema. É possível fazer isso com recortes também. Imprima numa folha padrão, sem as descrições. Numa folha à parte coloque somente as descrições, recorte e distribua com seus alunos para que identifiquem as peças. E você pode fazer isso com o Tabernáculo também!
Só tenha cuidados com a mística judaizante que quer espiritualizar tudo: cores, roupas, sequências, etc. De fato, como aliás já dissemos acima, nada está aí por acaso, minha preocupação é com os exageros. Muitos deles importados de escritos duvidosos. Com a internet a coisa ganhou ares pitorescos.
Para finalizar esta rápida introdução pesquise um pouco sobre os sacrifícios oferecidos no tabernáculo e, se puder, enriqueça sua aula falando sobre eles. Infelizmente, o tabernáculo é pouco comentado em nossos cultos de doutrina e ensino da Palavra, salvo quando é abordado nas lições da EBD. Talvez, pela falta de preparo e conhecimento de muitas lideranças. Fizemos uma enquete em nosso blog e mais de 75% dos que participaram disseram nunca ter ouvido falar do assunto em tais cultos. Um dos participantes alega ter mais 30 anos como evangélico.
Feita esta digressão, vamos à lição?
A leitura bíblica em classe da lição abrange o finalzinho do capítulo 4 e todo o capítulo 5. O último versículo do capítulo 5 merece ser transcrito: Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. O escritor falava da dificuldade de aprofundar o conhecimento para uma geração acostumada apenas com leite e que não queria ser desmamada. Não é muito diferente hoje em dia.
Objetivos da lição
1) Demonstrar biblicamente a natureza da superioridade do sacerdócio de Jesus Cristo;
Assim como nas lições anteriores, o foco aqui é o contraste entre os tipos do Velho Testamento e os antítipos do Novo. Não sabe o que é tipo e antítipo? Um tipo é uma figura, um personagem, um evento ou uma ocasião que aludem a algo que se concretizará mais adiante. Geralmente, o tipo está no Velho Testamento e seu cumprimento, chamado de antítipo, está no Novo. Tudo que o sacerdócio representava (e não apenas o Sumo Sacerdote) são figuras do que Cristo fez por nós.
2) Ensinar que o sacerdócio de Cristo foi superior quanto ao serviço;
Neste ponto o foco é a superioridade do sacerdócio de Cristo. De que maneira Ele é superior aos sacerdotes da Velha Aliança? Como a sobrepuja? São perguntas que a lição vai tentar responder.
3) Expressar a importância teológica do sacerdócio do Senhor Jesus.
Este ponto visa solidificar os conceitos teológicos envolvidos na lição. Infelizmente, a dinâmica da atuação dos sacerdotes é pouco estudada entre nós e isto faz com que determinados conceitos se percam, como veremos mais adiante.
Um sacerdócio superior quanto à qualificação
A sétima lição voltará ao ponto de demonstrar que Cristo possui um sacerdócio superior ao de Arão. E não só isso. Seu trabalho é superior a qualquer sacrifício do Velho Testamento. Lembremos que bem antes do Tabernáculo o povo de Deus já erigia altares e imolava sacrifícios. Somente em Gênesis há treze menções ao termo hebraico mizbeach, em conexão com a adoração a Deus.
Antes de prosseguir, vamos a um rápido contraste ao sacerdócio levítico e o de Cristo:
O autor da lição evitou esta comparação e preferiu um contraste teológico. Ainda que respeitemos esta opção é inevitável opormos suas características. A superioridade moral do sacrifício de Cristo é que foi Ele mesmo sacerdote e oferta, oficiante e cordeiro imaculado. Por outro lado, ainda que na Velha Aliança se pudesse analisar o cordeiro por fora, por sua aparência exterior, nada se poderia garantir por dentro. Cristo sofreu o crivo mais severo de todos. Aquele que sonda pensamentos nele encontrou o perfeito sacrifício.
Há três razões superiores pelas quais Cristo se destaca do sacerdócio levítico:
1) É um melhor representante. Ele se tabernacularizou, se tornou homem e habitou entre nós.
O verbo em destaque em João 1:14 é skênoô, o Verbo se fez carne como um de nós! Isto significa que não é um alienígena, alguém que não conheça nossas limitações, é um ser humano pleno.
2) Se compadece da condição humana. Pelo entendimento pleno da humanidade, Cristo é alguém capaz de mediar nosso pecado. O autor da lição transcreve um termo grego de difícil pronúncia:
Esta palavra significa, literalmente, medir um terreno sentindo seus passos. Veio a significa sentir compaixão. Esta empatia de Cristo com o ser humano decorre do fato de que em tudo ele foi tentado, embora sem pecado. Os dois termos gregos utilizados significam que Ele foi tentado em tudo como nós o somos.
3) Pela posição que exerceu. Como diz a lição nem todos que queriam podiam ser sacerdotes. O primeiro pré-requisito era ser filho de Levi. Esta foi a tribo que Deus escolheu para não ter possessão em Israel, viveriam somente para o serviço no tabernáculo e, futuramente, no templo (Números 18:20-24). Porém, Cristo alcançou o sacerdócio por determinação do Pai (Isaías 53:10) e não era filho de Levi, pertencia à família de Judá.
Um sacerdócio superior quanto ao serviço
Retomamos aqui a diferença entre eficiência e eficácia. É um termo mais utilizado no mundo corporativo. Para ilustrá-lo vamos a um exemplo prático:
Certo homem fez um seguro de auto. Um belo dia o motor não dava partida. Ele ligou para o seguro e o reboque veio em poucos minutos. Algumas horas depois uma atendente educada liga e informa que o carro está pronto para ser buscado. O dono do carro roda com ele por alguns dias, até que o mesmo problema surge. O pessoal do seguro atende muito bem, novamente reboca o carro e o conserta. Mas 30, 45, 60 dias depois o mesmo problema ocorre. Esse pronto atendimento, a disposição de servir ao cliente, etc, faz parte da eficiência. Mas não resolve totalmente o problema. Até que descobrem que a falha está no motor e decidem trocá-lo. Sim, uma peça cara, cuja troca irá resolver o problema em definitivo. Isso é eficácia.
O sacrifício de Cristo é eficaz. O escritor aos Hebreus reconhece que era impossível que sangue de touros possa perdoar pecados (Hebreus 10:4). Somente o sangue de um Cordeiro imaculado, cujo sacrifício seria feito no tabernáculo do Céu, poderia apagar os pecados e perdoá-los para sempre, com seus efeitos no passado, presente e futuro.
Este sacrifício foi consolidado por sua obediência perfeita à vontade de Deus. Lembremos da oração no Getsêmane. Ali, em grande agonia, Jesus passou por um dos últimos testes. Não, não era sexo, não era dinheiro, não era poder. Era abrir mão de sua própria vontade. Diz a Bíblia que Jesus ali suou grandes gotas de sangue em intensa oração (Lucas 22:44) e consegui proclamar: Faça-se a tua vontade!
Um sacerdócio superior quanto à importância teológica
Há poucas linhas falávamos da importância de pesquisar sobre o tabernáculo, etc. Isso faz parte das qualidades do professor. Estar apto para repassar conhecimento a seus alunos. Mas a Bíblia precisa de panorama ou seremos meros repetidores de versículos. Precisamos compreender o enlace dos sacrifícios do antigo pacto, com o sacrifício da nova aliança.
Muitas pessoas leem uma lição dessas, a estudam detidamente, mas não conseguem se desvencilhar de dogmas. O que dizer, por exemplo, daqueles que ainda acham que há pessoas privilegiadas na presença de Deus hoje? Que creditam a esta ou aquela pessoa o poder de perdoar pecados? É preciso compreender que:
1) Não há mais intermediários, não há mais sacerdotes, nem sumo-sacerdotes. Só há Cristo! Infelizmente, a herança católica com seu encastelamento das lideranças infectou os evangélicos brasileiros. Aliou-se a isto uma sociedade credencialista, que valoriza os títulos e crachás, mais que o serviço;
2) Não há mais tabernáculo, ele está no seu coração (João 14:23). Os templos são importantes muito mais por sua funcionalidade e comunhão do que como pontos magnéticos da presença de Deus!
3) Não há mais sacrifício! O preço a ser pago é o caminho, seguir Jesus cada um com sua cruz (Mateus 16:24). Não precisamos pagar mais nada, porque o preço foi pago e foi o sangue de Jesus: Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado (I João 1:7)
Donde concluímos ser essencial o entendimento de um dos assuntos mais profundos da Bíblia e uma das lições mais importantes do trimestre.
[1] Barclay, William, Comentário em Lucas, CLIE
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Acesse o subsídio da lição em inglês, produzido pela EBD English Class em Abreu e Lima/PE