Prezados 30 leitores, tenho lido os comentários no Facebook, replicados no CPADNews, do Pr. Claudionor Correira de Andrade, ilustre comentarista das lições do trimestre em curso, sobre o Gênesis. Ressalvo que nada tenho de pessoal contra o nobre articulista, meu debate aqui é sobre ideias. Ele tem todo direito de expô-las. Inclusive já o fiz com relação à minha percepção da lição como um todo. Aliás, este post não é exatamente uma contestação, mas uma ponderação generalizada no tema. Não tenho tempo para um maior detalhamento. Infelizmente…
Minha atenção se volta, agora, a alguns comentários sobre a Teoria da Lacuna, conforme imagem acima replicada daquela rede social. Segundo o preclaro seria inverossímil e não teria base bíblica alguma. Concordo em parte. Mas, espere!, quem levantou primeiro no Brasil tal hipótese entre os assembleianos? Eu tenho 45 anos e, praticamente, todos os estudiosos de mesma idade tomam por base para enunciar a teoria nada mais, nada menos, que um livro da própria CPAD:
Seria muito bom que o comentarista fizesse um mea culpa por isso. Não acham? Vou com ele daqui em diante…
2. Quanto aos três primeiros versículos do Gênesis, que o aceitemos com a mesma simplicidade que o profeta o redigiu. Por conseguinte, descartamos, desde já, a chamada Teoria da Lacuna, que alguns estudiosos preferem alcunhar de Teoria do Caos.
Indo em diante para os três primeiros capítulos do Gênesis são, sim, literais, porém, é clara a distância entre eles. Teríamos que admitir a impossibilidade da viagem da luz, por exemplo! Explico. A luz viaja a redondos 300.000 m/s. O que isso significa? Que a luz de algumas estrelas que vemos hoje foi emitida a milhares de anos, a depender de sua distância em relação à nós. Há até mesmo estrelas que já morreram, mas para nós brilham neste momento. De maneira que é impossível terem sido criadas ao mesmo tempo da Terra que temos.
3. Portanto, não temos nenhuma base escriturística, para acreditar num pré-mundo habitado por anjos ou por hominídeos.
Lawrence tinha? Se não tinha, por que insistiu na tese dos anjos ao menos? Ou a CPAD a endossou mesmo assim?
4. Se o autor sagrado descreve a Terra, antes do primeiro dia da criação, como informe e vazia, não significa que o planeta estivesse em estado caótico. Mas que, naquele momento, tomava forma, sob a ação do Espírito Santo, que pairava por sobre suas águas. Tratava-se, pois, da etapa inicial da obra divina que, embora efetivada em apenas seis dias literais, em tudo mostrou-se metódica, lógica e, por incrível que pareça, científica.
Não é difícil compreender que a Terra tenha se tornado caótica por algum castigo divino. Não é isso que aconteceu no Dilúvio, quando a superfície terrestre foi coberta totalmente pelas águas e tudo foi destruído? Não vejo dificuldade para os dias literais, até porque Deus não depende do tempo para agir.
5. Deus trabalhou, com muita arte e ciência, o nosso planeta. Primeiro deu-lhe forma. Depois, chamou à existência os dois reinos de vida irracional: o vegetal e o animal. E, só então, despertou o homem, do pó da terra, a ser e a estar ao seu lado. Por isso, escreve Isaías: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor, e não há outro” (Is 45.18).
6. Se a Terra, no início, estava sem forma e vazia, não era em razão da apostasia do querubim ungido, que, em minha opinião, só ocorreria após a criação do ser humano. Como já disse, o vazio e a informidade do planeta faziam parte da etapa introdutória da obra criadora de Deus. Como bom oleiro, primeiro o Senhor preparou a massa para, só então, dar forma ao grande vaso que é a Terra.
Aqui as coisas não se encaixam à luz de Isaías 14:12-14: Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
Relembro uma premissa cara, o registro referencial do escriba é da Terra onde ele assenta suas letras sobre o papiro ou pergaminho…
7. Por que acredito que a rebelião de Satanás deu-se após a criação do homem? Em primeiro lugar, porque Deus, quando criava a Terra, os anjos todos cantavam e rejubilavam-se (Jó 38.1-7). Esta passagem é muito reveladora.
Eles já eram demônios, ora!, pois anjos caídos! Como o articulista não enuncia sua sequência, aí fica difícil compreender o que realmente quis dizer.
8. Finalmente, não podemos usar os dois primeiros versículos da Bíblia Sagrada, para acomodar as mais absurdas e incongruentes teorias. Infelizmente, nessa passagem, jogam-se todas as tranqueiras teológicas: raça pré-adâmica, dinossauros, hominídeos, demônios etc.
E pensar que as tranqueiras já foram defendidas em livro da própria CPAD… Se tranqueiras eram a Casa nos deve uma desculpa. Aliás, outra obra publicada pela editora, depois contestada pelos familiares do autor, que antecede às ideias de Lawrence Olson, é justamente a Bíblia Dake. Embora discorde de ambos (Lawrence e Dake) tendo a afirma que uma coisa é a discordância pontual de uma teoria, outra sua rejeição completa.
Eu ainda poderia fazer uma paráfrase da lição específica com o texto produzido no Facebook, o que daria uma salada mais incrível ainda, mas me falta tempo. Dizer, por exemplo, que a luz inicial que inundou a Terra em Gênesis 1:3 provinha do próprio Deus é de uma distorção lógica fora de qualquer parâmetro. Ora, num dia de Lua Nova, sob Céu límpido, podemos ver claramente a luz que provém do Universo estelar. Ela só não podia penetrar na atmosfera terrestre por conta das imensas trevas que rodeavam nosso planeta (Eclesiastes 12:2), banidas pelo Senhor em sua ordem: Haja luz!
Outro dia conversamos mais…