Diante das últimas denúncias envolvendo um desafio mortal na internet, a atenção dos pais e responsáveis por crianças e adolescentes deve ser redobrada. Isso porque esse tipo de “jogo” está cada vez mais acessível e as consequências podem ser irreversíveis. Depois de dezenas de casos sobre o jogo ‘Baleia Azul’, que teve seu ápice em abril do ano passado, um novo desafio vem à tona: a ‘Boneca Momo’. A Polícia Federal e profissionais de saúde alertam sobre o perigo que o mundo virtual pode trazer.
Enquanto a ‘Baleia Azul’ estimula a automutilação e comportamentos suicidas, a ‘Boneca Momo’, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, desafia as vítimas a se enforcarem ficando o maior tempo que conseguirem sem respirar. A imagem assustadora usada no perfil faz referência a figura de uma boneca que remete à uma lenda do Japão. Ameaças e discursos de ódio também são propagados durante as conversas.
O assessor da Polícia Federal Giovani Santoro explica que crianças e adolescentes divulgam informações nas redes sociais – como local onde estudam e profissão dos pais – de forma automática, sem terem conhecido da gravidade que aquilo pode trazer. Ao serem abordados, ficam surpresos com o conhecimento que a ‘pessoa’ que está do outro lado da tela pode ter, mas não se passa de uma simples checagem de ‘informações privilegiadas’ nos perfis das vítimas.
Para que os jovens não caiam na armadilha, o acompanhamento dos adultos é fundamental. A psicóloga Maria Auxiliadora Borba explica que o acesso fácil a computadores e internet faz que jogos sejam substitutivos de companhia. “As crianças ficam muito sozinhas e, embora os pais precisam trabalhar, é importante fazer que acessem jogos apenas com a faixa etária correspondente. Por que criar um Facebook para alguém que não é autorizado?”, defende.
Para a psicóloga Maria Auxiliadora Borba, o diálogo vem de uma construção familiar minimamente positiva. “Não é ser invasivo. É dizer o que pode e o que não pode. O que os nossos filhos fazem e acessam deve ser prioridade número um. É preciso deixar claro que os adultos são figuras de autoridade e a eles cabe o limite. Crianças que se envolvem nessas armadilhas geralmente estão clamando por atenção, por um limite”, esclarece. Mais do que conselho, o diálogo aparece como peça-chave no desenvolvimento pessoal do indivíduo. “Frustrar faz parte da educação e do diálogo. ‘Eu digo ‘não’ porque te amo’. Um diálogo de quem toma aquela medida pelo bem”, finaliza Maria Auxiliadora.
Dicas de segurança da PF
A Polícia Federal, por sua vez, organizou uma série de ‘dicas de segurança’ entre pais e filhos. Entre elas, a recomendação é que os pais tenham um vínculo de amizade com os filhos, conhecimento básico de internet e computação, consentimento dos jovens para livre acesso entre os perfis, deixem computadores em cômodos públicos na casa, não permitam um excesso de horas na internet além do indicado, entre outros.
Ainda de acordo com a PF, fica a lição, para pais e filhos, de não incluir informações pessoais em demasia, não publicar fotos em excesso, nunca incluir desconhecidos em contatos e preservar a privacidade e a intimidade a qualquer custo.
O jogo é crime, diz PF
É importante ter ciência ainda que a conduta de mentores em jogos com ‘Baleia Azul’ e ‘Boneca Momo’ é crime, uma vez que “Induzir (criar a ideia de suicídio em alguém), instigar (incentivar alguém que já estava pensando em suicídio) ou auxiliar (ajudar materialmente o suicida) o suicídio de outra pessoa é crime, de acordo com o artigo 122 do Código Penal, punido com pena de dois a seis anos de prisão, caso o suicídio seja consumado, ou de um a três anos de prisão, caso a tentativa de suicídio resulte em lesão corporal grave”.
Com informações do Jornal do Commercio