As lições do incrível caso de Paul(David) Young Cho…
Esta não é hora para tripudiar sobre a desgraça alheia, mas é um bom momento para profundas reflexões sobre finanças e igrejas. Leio no Notícias Cristãs que o Rev. David Yonggi Cho, conhecido mundialmente como Paul Yonggi Cho, foi acusado de desfalcar sua congregação por um grupo de membros da Yoido Full Gospel, igreja fundada por ele, em Seul. Em seguida, comprovou-se a fraude e eles foram condenados a pagar multa e três anos de prisão. O crime de Paul, em conluio com seu filho, foi a compra por valores artificialmente elevados de ações, com o dinheiro da Igreja. A brincadeira chegou ao montante de US$ 21 milhões!
Lembro do ano de 1990, quando o Plano Collor foi lançado. Eu era funcionário do Banco do Estado de Pernambuco e ouvi muitas histórias de pastores que aplicaram o dinheiro da Igreja na conta pessoal e de lá em overnight (rendia 3% no final de semana) e outros fundos. De repente, não podiam mais dispor dele imediatamente. Alguns alegaram que o plano Collor prendeu o dinheiro da igreja, na verdade prendeu o dinheiro dela na conta dele! Inclusive, as igrejas, por serem pessoas jurídicas, tinham uma disponibilidade maior segundo as regras do plano. Até hoje muitas histórias nebulosas não foram esclarecidas Brasil afora. Mas como aqui é o país da impunidade e a maioria dos fieis nada sabe das finanças de suas igrejas o assunto caiu no limbo.
A primeira grande lição da história de Cho é o personalismo de sua igreja de 800 mil membros. Embora tenha presidido a Assembleia de Deus da Coréia do Sul, a verdade é que sua igreja, da qual é presidente emérito, está centrada em sua pessoa. Nas investigações descobriu-se que ele ordenou a saída do dinheiro da tesouraria da igreja, beneficiando seu próprio filho. Um simples pastor emérito não teria tal acesso. Pelo que apurei, o filho era dono do jornal da igreja (vejam que reprise!?), em 2002, numa operação cruzada, ele vendeu as ações para a igreja por US$ 80,06, quando valiam US$ 22,12. O prejuízo aflorou. Mas o carisma do líder inibiu maiores esforços dos procuradores, até que em 2011 a congregação apresentou a queixa. Agora a questão ganhou um desfecho.
Se muitos pastores fossem despidos de seu carisma grandes escândalos surgiriam. Longe de mim desejar isso, mas cada um veja como edifica. Nas alegações dos membros Cho também é acusado de privatizar ativos. Qualquer semelhança não é mera coincidência.
A segunda lição é que essa história de nepotismo, com regular frequência, deságua nestes problemas. Mormente a capacidade de muitos líderes, penalizados pela situação financeira dos seus ou para ampará-los mesmo, criam espaços e oportunidades e neles empregam filhos, netos, parentes e aderentes, sem prestar atenção adequada a seus passos. Quantas vezes já não vimos aquele parente que não tem nenhuma qualificação para determinado cargo ser alçado a ele? Depois é só administrar as crises. Chega a ser incrível como a história se repete e poucos aprendem. O pior é quando o líder maior arrasta outras lideranças para referendar suas decisões, gente que sabe que ele está errado, que o escolhido tem como única competência ser do clã. Quem nunca viu esse filme?
Em muitos casos filhos, netos, cunhados, genros são agraciados com os cargos mais elevados. E muitas vezes com salários incompatíveis com seu currículo. Não é raro criar um cabide no qual tais parentes não trabalham, ou trabalham muito pouco em relação aos demais, tal e qual prefeituras e sinecuras governamentais, somente para garantir-lhe apoio em alguma demanda. Tudo isso bancado com dízimos e ofertas. O Brasil enfrenta ainda outra questão neste quesito: o usufruto da Igreja para fins políticos privilegiando parentes. Ou seja, o pastor presidente usa seu prestígio para, por exemplo, impor à Igreja parentes de sua confiança para a candidatura a cargos eletivos o que é, inclusive, expressamente proibido em Lei!
A terceira lição é a perseguição eclesiástica. Vinte e oito pastores foram suspensos ou expulsos por não retirar as acusações contra Cho. Ora, ora, não é por isso que muitos se calam? O dado recorrente é que é ao invés de esclarecer o que está em curso, preferem fazer o bolo crescer e atingir a Igreja, para se poupar do escândalo. Agora, já condenado, o pastor se ausentará da presidência da Igreja em Seul? Como fica a situação dos que foram expulsos ou suspensos, diante da comprovação da fraude? O legado de Cho carregará esta mancha? São questões importantes para refletirmos nesta manhã. A Bíblia diz que é melhor o fim das coisas do que o começo (Eclesiastes 7:8).
A quarta lição é uma mudança sutil nos tempos e nos templos, para aproveitar um trocadilho. A igreja está mais informada. Exige maior transparência. Antes a liderança podia tomar uma decisão e dizer simplesmente: Foi Deus que mandou ou ordenou. Agora tais subterfúgios (desculpas esfarrapadas) estão sendo pesadas racionalmente. Isto decorre da falha de confiança nos inúmeros casos da História. A igreja descobriu, apanhando na cara, que nenhum pastor é infalível, nem Davi Young Cho pode ser poupado. É bom prestar atenção a estes novos ventos.
Aqui no Brasil dez integrantes da cúpula da Igreja Cristã Maranata (ICM) foram presos no dia 24 de junho de 2013, entre eles o fundador, pastor Gedelti Gueiros. Segundo o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MP-ES), os líderes praticaram crimes como estelionato, formação de quadrilha e duplicata simulada. Eles teriam praticado desvio de dízimo da igreja, envolvendo uma movimentação financeira de R$ 24,8 milhões, segundo o próprio MPES. Antes, em março, Gedelti e outros três membros da ICM haviam sido presos por coagir testemunhas do inquérito que investiga a igreja. No caso de Cho, o gerente do jornal também foi preso. Convém a tesoureiros e outros ao receberem ordens neste sentido ficarem alertas, pois podem ser incriminados pelo simples motivo de serem os guardiões conjuntos dos recursos das igrejas.
No final do ano passado, para os bons entendedores, foi aceso um alerta. A Receita Federal indicou que está analisando o patrimônio de pastores e líderes proeminentes. Já há relatos de desfechos destas investigações. As lições estão aí. Há muitas que me faltam tempo para analisar. Prezados, dez leitores, façam seus links.
Fontes:
Notícias Cristãs
http://groupsects.wordpress.com/2013/03/15/yonggi-cho-investigation/
http://www.atoast2wealth.com/tag/david-yonggi-cho-arrested/
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2013/07/justica-suspende-intervencao-na-igreja-crista-maranata-no-es.html
Site da Igreja do Pr. David aqui.
bem sem palavras realmente o problema se repete em varias denominaçoes pelo pais e sem duvidas nenhuma pelo mundo !
Bem…….. aí vamos ao encontro de possíveis e esclarecedoras situações que, revelarão, mais a menudo, o crescimento de muitas igrejas, estas, em situações vergonhosas por adaptação de seus líderes, ao crescimento basado na falácia da prosperidade e dos “contos do vigário”, reluzentes, na troca de favores de Deus por ofertas “e$qui$ita$”.
Há muitos anos – não me lembro quantos, entendi, após ler o livro QUARTA DIMENSÃO que, algo de errado.
Observei, em andamento, a germinação de uma pequena semente com a “prescrição” da fé entusiasmada, e não real segundo a Palavra de Deus.
Esquecem os homens que, na maioria das vezes, muito anos se passam para que seus pequenos erros sejam suplantados por erros maiores e sem aparência total.
Creio que teremos notícias FANTASMAGÓRICAS caminhando à nossa frente e que surpreenderá aos outros muitos, em futuro quase presente.
Vigiar é necessário diante da responsabilidade entregue a cada um.
O Evangelho com Simplicidade deve ser o motivo maior na vida de cada líder.
O poço das ilusões já foi perfurado no coração de muitos, que se perdem na mentira e nas HERESIAS.
Paz seja contigo,
O menor.
Muito boa a “reflexão sobre quase tudo”!!!
Quando o tsunami coreano chegar ao Brasil, vai faltar “salva-vidas” para todos… Será na base do “salve-se quem puder!”
Abraço!
Um dos 10! PPA
A ganância é um grande mal, do qual os líderes cristãos não estão isentos.