Como já sabem está publicado o edital da AGO/2013. É um momento crítico. Só para relembrar aos dez leitores do blog, o clima entre os candidatos não anda nada bom e a tendência é que os ânimos se radicalizem. O foco deste post, porém, é como fazer uma AGO não dar certo.
Sim, isto mesmo. Fiz uma pequena apostila dias atrás de como se fazer um evento desta natureza, para que dê certo. Na ocasião disse que sabia que os responsáveis não a leriam. Acertei na mosca. Vamos por partes:
1) A 41ª AGO será realizada em Abril de 2013. Lá, também, haverá eleições. Seriam dois eventos num só, que em outras épocas, sem açodamento, e menos questionamento, seriam realizados tranquilamente. Mas, o problema começa com a tentativa de impedimento do Pr. José Wellington para que concorra a eleição. É um osso difícil de largar. Depois, o segundo candidato, Pr. Samuel Câmara quer à todo custo o posto. Quando isto acontece, geralmente, se perde a noção de civilidade, humildade e ética. Quem não lembra que na última AGE, em Alagoas, ele partiu para a baixaria? Pra piorar não há alternativas. A Terceira Via se apresentou, mas sumiu de vista. A curto prazo não há muito mais o que fazer…
2) A pauta tem seis itens:
1) Julgamento de eventuais recursos contra decisões da Comissão Eleitoral, conforme disposto no artigo 32, inciso X, do Estatuto Social e artigos 57 e 58 do Regimento Interno.
2) Apreciar e deliberar sobre os relatórios da Mesa Diretora e do Conselho Fiscal, relativos ao biênio 2011 e 2012, na forma do artigo 8º, inciso III do Regimento Interno, bem como dos demais órgãos e das pessoas jurídicas vinculadas.
3) Homologação do cadastramento de Convenção Estadual, conforme artigo 32, inciso V, do Estatuto Social.
4) Criação do Código de Ética dos membros da CGADB.
5) Valorização da Palavra pregada.
6) Eleição e posse da Mesa Diretora e do Conselho Fiscal e referendar a indicação dos membros dos Conselhos e demais órgãos da CGADB, conforme artigo 32, incisos II e IV do Estatuto Social.
3) O primeiro e o segundo são itens genéricos. Exceto, no caso do segundo, por alguma discrepância contábil nos balanços de uma CPAD, por exemplo, não há de ser muita coisa. O terceiro, já que não foi informada qual é a Convenção, se é que se atine ao recebimento de alguma, não dá margem para ser resolvido senão na hora.
4) O quarto item é o foco do post. Vamos criar um Código de Ética? Vamos! Quais serão os itens? Vamos discutir nos cinco dias da AGO? Coloquei na minha apostila, no primeiro item:
1) Distribuir um resumo dos assuntos a serem tratados, com antecedência mínima de cento e vinte dias, coletando sugestões dos presidentes das Convenções. Esta providência atende a algumas necessidades:O Brasil é muito grande e fragmentado;
- Esgotar as dificuldades na pré-seleção;
- Diversificar os assuntos a serem tratados;
- Empoderar os presidentes das diversas Convenções filiadas no Brasil
Uma boa atitude seria sedimentar as tratativas no âmbito de cada Estado. Neste mesmo momento, iniciar uma grande campanha de jejum e oração.
Sem contar o clima de animosidade que está instalado desde a última eleição, os debates serão intensos. Como em cinco dias se criará tal documento? O correto seria montar um esboço prévio dos itens, para que as questões omissas fossem resolvidas durante a AGO e o escopo do código votado nela. Ou seja, a CGADB já deveria estar discutindo os itens que comporiam tal código com os presidentes de Convenções, Brasil afora.
5) Outra coisa, quais itens estarão contidos em tal Código de Ética? Vamos dar exemplos? O Pr. Paulo Freire, presidente do campo em Campinas/SP, filho do Pr. José Wellington, presidente da CGADB, candidatou-se ao cargo de deputado federal e elegeu-se. Como se deu tal campanha? Ele não se ausentou da presidência, aliás, permanece sendo deputado e presidente. Não sei como ele consegue dar conta de Brasília e Campinas? Ou delega e aí não é o presidente de fato, mas apenas uma figura retórica, ou então é deputado ausente. A Lei 9.504/97 estabelece que em igrejas e estabelecimentos assemelhados, não se pode fazer campanha. Os criadores da Lei estão carecas de saber que nestes casos há favorecimento ao preferido do responsável. Quando este responsável é o candidato, aí é que a coisa complica. É, praticamente, impossível que não tenha havido nenhum deslize ético neste quesito. Isto contando com uma boa vontade elástica, na prática o que se faz é apresentar e induzir o voto abertamente. Inclusive, punindo os contrários, como aconteceu aqui no Estado.
Outro exemplo flagrante vem do Amazonas. Lá a Assembléia de Deus adotou o G12. Um claro desvio doutrinário. Pra não ter que ouvir a ladainha da CPAD, criou suas próprias lições, aonde, certamente, ensina o modismo. O que o tal Código de Ética dirá a respeito? Como o código irá tratar eventos como os GMUH, nos quais há desvios evidentes sendo pregados e postos em prática?
Mas, vamos supor que o presidente consiga aprovar algo neste sentido. Como será a fiscalização nos Estados? A CGADB poderá, de fato, afastar um contumaz transgressor desse código, já que não tem poderes para afastar um contumaz transgressor da Bíblia!? O que os presidentes não farão para eleger seus pupilos, alguns dos quais filhos e parentes? Será, nestas circunstâncias, um código que existe, mas ninguém cumpre. Se é assim, não precisa ser criado! Não esqueçamos que até hoje se usa, indiscriminadamente, a marca sem qualquer punição!
6) O quinto item é para encher linguiça. Todos sabem que a CGADB preza pela valorização da Palavra, desde a primeira Convenção em 1930. O problema é o que é Palavra para muitas igrejas. Para umas o costume é Palavra. Para outras a palavra do Pastor Presidente e suas anomalias psicossomáticas, são a Palavra. Há casos em que não há Palavra, só louvor. E há os desvios doutrinários, alguns dos quais já abordamos a pouco. Vai se gastar muitas horas defendendo a Palavra e, depois, nenhuma medida efetiva será tomada.
Dia desses disse aqui que havia muito pouco que os obreiros mais novos pudessem aprender com os mais velhos. Restava claro que eu me referia a situações desta natureza, mesmo que alguns não me compreendessem direito. A prevalecer estas premissas, salvo engano, a AGO já começa fracassada, tendendo a ser mais uma AGE na qual se investiu tempo e dinheiro sem qualquer resultado prático.