A superioridade de Jesus em relação à Moisés – Subsídio para EBD

De que maneira Cristo é superior a Moisés? De que modo a autoridade e o discurso de Jesus suplantou os ensinamentos da Lei?

Prezados 300 leitores, agradecemos o constante crescimento dos acessos ao blog e ao mix de redes sociais de nossa autoria. Agradecemos também o feedback nos comentários seja no blog, no Face e até no Youtube. A lição do trimestre, já dissemos, é muito profunda e traz ensinamentos muito ricos. Infelizmente, poucos de nós são assíduos à EBD e isso se reflete numa grande deficiência teológica. No próximo domingo, convide alguém e vá à Escola Dominical. Sigamos!

A lição de domingo é sobre a superioridade de Cristo àquele que é considerado pelos judeus o maior líder de todos os tempos: Moisés. Não podemos entender o contraste sem conhecer a biografia de Moisés. Sua história começa no capítulo 2 de Êxodo e cobre os quatro primeiros livros do Velho Testamento, parte dos quais escrito pelo próprio legislador. A ele também se atribui Gênesis e o Salmo 90. Sim, Moisés é autor de ao menos um dos Salmos! A Bíblia fala ainda do cântico de Moisés (Apocalipse 15:3) a ser cantado no Céu pelos remidos do Senhor.

Moisés nasceu no Egito, numa das estadias de Israel naquele país e num tempo crítico para o povo de Deus. É que o Faraó mandara assassinar os bebês do sexo masculino, para evitar que o povo crescesse mais e mais. Porém, o menino foi salvo por sua mãe, que o colocou num cesto e enviou pelo rio, de tal forma que veio parar nas mãos da rainha que naquelas águas se banhava. Cresceu como filho do rei e na idade adulta feriu um egípcio, sendo obrigado a morar em Midiã (450km de distância do Egito). De lá retornou para confrontar Faraó e tirar o povo do Egito, guiando-o pelo caminho do deserto até a Terra Prometida.

Sua biografia de 120 anos pode ser dividida em 40 anos a serviço de Faraó, 40 anos em Midiã no anonimato e os últimos 40 anos conduzindo o povo do Egito à Canaã. Quando faleceu foi enterrado por Deus num lugar secreto, no Monte Nebo (Deuteronômio 34:1-6), afim de impedir que o povo de Israel pudesse utilizá-lo para a prática idólatra. O Diabo, conta Judas 1:9, disputou o corpo de Moisés com ninguém menos que Miguel, um dos primeiros príncipes. Seria um excelente trunfo para atrapalhar Israel no deserto, mas foi repreendido em nome do Senhor.

Linhagem de Moisés –
Fonte: http://www.osdezmandamentos.com.br/estudos/estudos_8.html

A biografia de Moisés é muito longa. Infelizmente, o espaço não nos permite expandir esse tópico, aliás, o foco da lição é na importância de Moisés para o povo judeu. De fato, para os estudiosos rabínicos ninguém tinha chegado mais perto de Deus do que o profeta. Sua longa e bem sucedida missão só não foi completa porque ele não pode entrar no repouso, contentando-se em ver de longe o destino final ao qual devotara 40 anos de sua vida. Moisés não era perfeito, mas como líder é incomparável. Porém Jesus ainda consegue, de longe, ser maior que ele. Abaixo fornecemos um quadro comparativo, com algumas dessas distinções (reproduza-o sem dó e sem compaixão):

Moisés x Cristo

A lição utiliza como texto base Hebreus 3. Desnecessário dizer que você deve ler todo o capítulo. Recomendo, aliás, fortemente que os interessados leiam todo o livro. É condição indispensável para compreender o assunto. Este capítulo inicia com a exortação do escritor a que consideremos a Cristo. Esta palavra no original grego é:

Lê-se: Katanoéô

Significa olhar com tal atenção a fim de apreender o sentido da lição. É a mesma palavra que Jesus usa para os corvos de Lucas 12:24. Não devemos olhá-los de soslaio, mas prestar atenção na engenharia do seu sustento pelo Pai celestial.

O primeiro ponto da lição fala dos primeiros versículos do capítulo em tela. E o escritor relembra-nos que a superioridade de Cristo não é uma questão de pose ou domínio, mas de missão. A missão de Jesus era mediar não apenas o pecado dos israelitas, mas do mundo inteiro. Ele o faria não apresentando sacrifícios comuns como os apresentados até aquele momento, mas através do seu próprio sangue. Esta ideia será desenvolvida nas próximas lições…

O sumo sacerdote, no Dia da Expiação, apresentava-se no Santo dos Santos, o lugar mais santo do arraial. Entre outras coisas ele trazia consigo uma parte do sangue do sacrifício e o aspergia entre os dois querubins na tampa do propiciatório. Esta tampa era de ouro e estava literalmente sobre a Lei, cujas cópias estavam guardadas na Arca da Aliança. Esse gesto representava a mediação sacrificial, se aceito provocava a manifestação de Deus entre os querubins. É a esta ocasião que nos remete Romanos 3:25: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus”.

Propiciatório

Transcrevo aqui a explicação desse texto pelo comentarista Marvin R. Vincent: “Assim como a superfície de ouro cobria as tábuas da lei, assim também Jesus Cristo está por sobre a lei, vindicando-a como santa, justa e boa, e assim, igualmente, vindicando as reivindicações divinas que nos exigem obediência e santidade. E, assim como o sangue era anualmente aspergido sobre a tampa de ouro, pelo sumo sacerdote, assim também Cristo é exigido ‘em Seu sangue’ não vertido para aplacar a ira de Deus, para satisfazer a justiça de Deus ou para compensar pela desobediência humana, mas sim, como a mais elevada expressão do amor divino pelo homem, tendo participado, junto com a humanidade, até a morte a fim de que pudesse haver reconciliação do homem com Deus, mediante a fé e a rendição a Deus”.

Outro assunto explorado pelo comentarista é o título de apóstolo para Jesus. A palavra significa: “enviado”. Barclay[1] nos informa que o Sinédrio tinha seus apóstolos e que eram enviados representando aquele poder judeu. Roma também tinha seus enviados, investidos da autoridade romana onde quer que chegassem. Por outro lado, um apóstolo possuía uma mensagem do país de onde era enviado. Para todos efeitos, portanto, um apóstolo era um embaixador.

O segundo ponto da lição fala mais diretamente sobre a dureza do povo de Israel durante sua caminhada até Canaã. De todas as maneiras é uma analogia perfeita com a caminhada cristã até a Jerusalém celestial. Vejamos os pontos de convergência importantes:

1) Saímos de um lugar de servidão;

2) Suportamos duras provas;

3) Alguns falharam e foram ficando no meio da jornada;

4) Muitas vezes somos tentados a voltar ao Egito, com tudo que ele representa;

5) Com alguma frequência duvidamos de Deus e suas promessas;

6) Temos testemunhado milagres;

7) Nosso caminho é cheio de percalços e dificuldades. A única certeza é onde queremos chegar;

8) Temos um guia poderoso à nossa frente;

9) Nos alegramos na presença de Deus que se revela poderosamente entre nós;

10) Os inimigos são muitos e nos espreitam por toda parte.

Mas o maior de todos os riscos é ficar prostrado no deserto. Deus é fiel, está conosco, mas não vai nos impedir de pecar ou ficar embaraçado. Ele nos dará condições de suportar a tentação (I Coríntios 10:13): “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar”, mas não vai impedir de sermos tentados. Nem que nós tenhamos visto visões e milagres e estejamos familiarizados com sua atuação!

Se o escritor nos adverte é porque a possibilidade é real! Quando deixamos de seguir a Cristo tornamos sua autoridade irrelevante e sem efeito em nossas vidas. Somos presas fáceis para o pecado e para o príncipe deste mundo. Os mesmos pecados de Israel percebemos hoje na igreja: autossuficiência, rebelião, incredulidade e idolatria.

Na terceira parte o escritor aos Hebreus alerta para a superioridade do discurso de Cristo. Há algumas implicações nesse discurso que são importantes para nós:

1) A base do discurso de Jesus é a Palavra de Deus. O crente não pode abrir mão de visões, de milagres, de operações sobrenaturais, mas o crivo dessas manifestações é a Palavra;

2) O que Jesus falou era esmagador para o ouvinte do I século. Lucas registra o seguinte a respeito dos que ouviam a Jesus: “E admiravam a sua doutrina porque a sua palavra era com autoridade.” (Lucas 4:32);

3) O que Jesus falou é suficiente para a salvação eterna de qualquer pessoa! Qualquer pessoa entende João 3:16 e 14:6, por exemplo, sem maiores elaborações teóricas;

4) O foco da mensagem de Jesus, até mesmo para os maiores pecadores, era sobre o deveriam fazer para serem salvos. Isto não quer dizer que Ele não condenava o pecado. Esse, porém, era o problema, qual a solução? A Lei dada por Moisés ao povo consistia em tornar o homem consciente do pecado, mas pouco ou nada além de cobri-lo poderia ser feito;

5) O discurso de Jesus se fazia acompanhar de prática. A hipocrisia era uma constante entre os religiosos daquela época, como, aliás, acontece hoje entre nós. Jesus se empenhava em não se contradizer. Enquanto aquilo que Jesus dizia era superior aos ensinos de sua época, sua prática arrematava a enorme diferença entre ele e os demais ensinadores.

Por fim, devemos compreender que Cristo é superior a qualquer líder do Velho Testamento, embora os ensinamentos deles tenham seu valor e importância na história da salvação.

Dica de trabalho para a classe

Escreva pequenos trechos em frases curtas da biografia de Moisés em uma folha de papel. Dê um bom espaço entre as frases. Distribua as frases com os alunos e peça para que eles montem a biografia do legislador. Cuidado para que você tenha conhecimento e guie seus alunos ao longo da história fascinante deste líder.

[1] Barclay, William, Comentário ao Novo Testamento, CLIE

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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1 Comentário

  1. Roberto Rocha disse:

    As lições com estes novos comentarista estão sendo uma benção, a do trimestre passado,foi maravilhosa! Bom seria se a nossa CPAD,fizesse uma lição abordando e falando profundamente em temas polêmicos,tais como consagração de pastoras,apóstolos,etc.Mas como ultimamente ela visa o lado comercial e com isto várias igrejas deixariam de comprar as lições,aí fica difícil, né?