Leio hoje no UOL (retomo adiante):
A novela “Os Dez Mandamentos”, da Record, superou a audiência da Globo no embate contra “A Regra do Jogo” na noite de quinta-feira (17). É a primeira vez que a trama bíblica fica em primeiro lugar no Ibope consolidado contra o principal produto da Globo.
“A gente sempre acredita que o produto vai ser bem-sucedido, mas ‘Dez Mandamentos’ é mais bem-sucedida do que eu esperava”, comentou o diretor Alexandre Avancini em entrevista ao UOL nesta sexta.
Para Avancini o bom resultado “coroa todo o trabalho de uma equipe”. “Independente de quem sem seja [o concorrente], é um motivo de comemoração”, afirmou. Ele também contou ter recebido a notícia sobre a vitória da novela esta manhã, mas que ainda acredita em números melhores, principalmente quando Moisés (Guilherme Winter) abrir o Mar Vermelho, sequência que ainda está em fase de gravações.
E aí me vem o estalo: Por que não é a Igreja a contar esta história a quem quer ouvir? Há de ser uma novela a fazê-lo?Relembro que os programas evangélicos na TV têm audiência ínfima, que não cobre nem os custos. O programa mais visto, que é o de Silas Malafaia, se sustenta com os dízimos e ofertas da Igreja dele além das colaborações fomentadas pelos milhares de doadores Brasil afora. Mas audiência que é bom… O mesmo problema se estende aos radiofônicos. A internet é a mídia que se sai melhor até agora, mas não são os sites de igreja que capitalizam audiência, são os blogs e vlogs, além dos vídeos avulsos no Youtube. Trocando em miúdos: a Igreja perdeu esse bonde também!
Estou cursando um MBA em Mídias e Comunicação Digital e uma das matérias é Storytelling, uma febre no mundo corporativo. Consiste na contagem de histórias para determinado público abarcando a propaganda, endomarketing, marcas e um sem número de coisas. Sabe onde grandes autores sobre o assunto vão buscar referências? Adivinha? Na Bíblia!
Há razões diversas para o fenômeno. A rejeição inicial à TV por parte das igrejas evangélicas é uma delas. Hoje a coisa mudou porque todo mundo quer ter um bom programa nesta mídia. Mas outro fator importante é que as Igrejas, em sua maioria, não têm uma estratégia de comunicação bem definida. Geralmente se coloca uma equipe composta de indicações pastorais jeitosas, sem se preocupar com a qualidade técnica. É o chamado QI (quem indica). Profissionais baratos, sem poder algum, somente seguindo um tino carismático do líder. Mas há outras questões críticas…
Repito, por exemplo, pela enésima vez, onde estão os jovens? No Facebook, nas redes sociais, etc. A Igreja está na internet 1.0, no rádio e gastando dinheiro com programas de TV sem audiência. Ou seja, na contramão! Acesso agora os portais das duas maiores igrejas evangélicas de Pernambuco, Estado onde resido, e temos o seguinte:
Em ambos prevalece a defasagem das notícias e posts. Ora, num mundo dinâmico como o que vivemos é a receita certa para que o público os ignore!
Então ficamos assim: A Bíblia possui histórias maravilhosas, a Igreja não quer contar. Ou quer contar pelas mídias erradas. O público vai para onde a história está sendo contada na mídia certa, ainda que achemos que é a mídia errada. Entendeu? Não!? É… não dá para entender mesmo!
É a audiência quem dita os rumos aqui (pesquisem aí sobre consumidor 2.0), parece que os pastores querem moldar a platéia, que está olhando para o outro lado da rua… Se não fosse uma brincadeira tão cara com os preciosos minutos televisivos contra ofertas e dízimos eu ignoraria. Mas…
Pensem a respeito, depois me contem uma ação efetiva de cunho institucional de uma igreja evangélica no Facebook ou Twitter, que são as duas redes mais acessadas do momento.