E se Eduardo Cunha tivesse sido discipulado?
A grande notícia da semana é a prisão de Eduardo Cunha. Parece, mas não é a notícia principal. Mais importante do que esta notícia, é o que está por trás dela. Não no mundo político, mas na área espiritual. Até onde sabemos Eduardo Cunha é evangélico, assim como mais 50 milhões de pessoas em nosso país. Ser evangélico não mudou completamente a vida dele, nem o impediu de ser corrompido e corromper conforme relata a imprensa. Ser evangélico não gerou transformação de vida, para que ele pudesse ser uma referencia de Cristo no mundo político.
Mas, e se Eduardo Cunha tivesse sido discipulado?
Não dá para prever tudo que ele faria ou não faria, mas dá para indicar quem ele seria como um discípulo de Jesus. Se ele fosse um discípulo de Jesus e não apenas um evangélico, ele confrontaria o erro e morreria pela missão de Deus, assim como Jesus, e não se deixaria levar pelas moedas de prata. Se ele fosse um discípulo de Jesus e não apenas um evangélico, ele teria procurado Sérgio Moro para contribuir com a justiça, e não teria sido procurado pela justiça para ser preso.
Se Eduardo Cunha tivesse sido discipulado ele teria permitido que seu “eu” morresse para que Cristo vivesse nele e dominasse todas as áreas da sua vida. Em todos os cargos que exerceu, a principal pergunta teria sido: “O que que Cristo faria em meu lugar? “, e não “O que eu faço para conseguir mais poder? “, como a imprensa demonstra. Se ele tivesse sido discípulo de Jesus e não apenas evangélico, ele teria aprendido a obedecer aos mandamentos de Jesus e isto faria com que obedecesse às leis do país.
Se Eduardo Cunha tivesse sido discipulado ele teria aprendido submissão total a Cristo, e isto faria com que toda a arrogância, opulência e altivez mencionada por seus colegas fossem substituídas pelo espírito simples, mansidão e humildade.
Se Eduardo Cunha tivesse sido discipulado ele teria aprendido a amar aos outros como Cristo nos amou, e não usar os outros como é praxe no mundo político. Além disto ele também teria aprendido a orar e se comunicar direto com Deus a todo momento da sua vida, e não apenas manter uma comunicação com as pessoas mais poderosas do mundo político.
Parece que Eduardo Cunha é evangélico, mas não foi discipulado. Então, esta é a notícia mais bombástica da semana, do ano e do século. Como discípulo de Jesus e também como pastor e líder cristão, entendo que é hora de olhar para a prisão de Eduardo Cunha e aproveitar o momento para fazermos uma autoanalise. Eduardo Cunha é fruto de um sistema religioso que construímos, que forma membros de igreja cheios de regras religiosas, torna-os líderes na igreja e empurra-os para a sociedade sem uma missão. Tornam-se líderes sem saber o que liderar, não têm estrutura para resistir aos afagos do poder e não tiveram seu caráter lapidado.
Eduardo Cunha foi formado dentro de um sistema religioso que informa, mas não transforma, ensina, mas não lapida o caráter, mostra as regras, mas não inculca os valores do Reino. Eu também cresci neste sistema, e se um dia não tivesse entendido o que significa ser um discípulo de Jesus poderia também ter me tornado um Eduardo Cunha. A graça me alcançou e me transformou.
Temos muitos Eduardos Cunha em igrejas evangélicas e católicas. Valorizam o poder, se apegam ao dinheiro, negociam a fé, induzem as pessoas, manipulam coletivamente, não estão preocupados com as pessoas ou com a comunidade. Talvez Eduardo Cunha tenha se inspirado em alguns pastores ou sacerdotes, e nem por isto ele é inocente, mas foi influenciado por líderes religiosos que estão com a boca cheia de regras, mas o coração vazio das Escrituras, como Jesus já falou sobre os religiosos da sua época.
Talvez a notícia mais bombástica da semana é que como evangélicos produzimos um homem que chegou a ser o terceiro na linha de sucessão à presidência da República, quando deveríamos ter produzido um discípulo de Jesus, que independentemente do cargo que ocupasse deveria gerar transformação no mundo. Há alguns anos, Ninguiza Mikandla, um pastor africano, disse: “pensamos que o problema está em Brasília e se reflete nas igrejas. Não! O problema está nas igrejas e se reflete em Brasília”.
Temos igrejas cheias de membros ou fiéis e vazia de discípulos. Pastores, sacerdotes e líderes trabalham o ano inteiro apenas para manter o ritmo de atividades religiosas. Se perguntarmos quantos discípulos fizeram a resposta será constrangedora. Agora mesmo, centenas de atividades religiosas estão produzindo novos Eduardos Cunha.
Deveríamos rasgar nossas vestes religiosas, nos vestir de saco, colocar a boca no pó e pedir perdão à nossa nação por termos aqui 90% de cristãos, entre católicos e evangélicos, mas em 500 anos de história não termos produzido discípulos de Jesus suficientes para transformar a sociedade. Além disto, deveríamos nos levantar e parar com nosso ativismo religioso e começarmos a fazer discípulos semelhantes a Jesus. Se começarmos a discipular nossas crianças desde a infância, daqui a 20 anos nosso país será completamente diferente. Não há corrupção que resista à um verdadeiro discípulo de Jesus. Não há jogos de poder que resistam ao caráter de um discípulo de Jesus. Não há dinheiro que compre um discípulo de Jesus.
Se Eduardo Cunha tivesse sido discipulado quando passou pelas mãos de pastores e líderes, Brasília seria um reflexo da igreja, e esse reflexo seria o brilho da luz de Cristo dissipando todas as trevas. Que tal nos recuperarmos dessa notícia bombástica, e começarmos a discipular os Eduardos Cunha que estão em nossas mãos e que chegarão em Brasília nos próximos 20 anos?
Josué Campanhã
Discípulo de Jesus
Excelente texto do discípulo Josué Campanhã. Esse é o principal objetivo do cristão nesse mundo. Não é o ativismo contra bandeiras, não é o poder temporal, não é o reconhecimento. “Fazer discípulos” não foi uma ordem dada apenas aos líderes, mas a todo aquele que se diz seguidor de Cristo.
Muito oportuno o artigo do pastor Josué Campanhã, porque nos leva a refletir sobre o nosso papel como cristãos e líderes. Nosso cristianismo deve ser pautado por palavras e atitudes que refletem a mudança operada em nós por Cristo. É tempo de arrependimento, de pedirmos perdão ao nosso Deus e de com ajuda Dele buscarmos um viver cristão, digno de seguidores de Cristo.